Por que esse momento pode virar um pesadelo (e como evitar isso)
Você já tentou cortar as unhas do seu cachorro ou gato e acabou com um animal tremendo, fugindo ou até rosnando? Pois saiba que você não está sozinho. Muitos tutores vivem esse drama semanal — ou mensal — e acabam adiando o procedimento até que as unhas estejam tão compridas que atrapalham o andar do pet, causam dor ou até ferem o animal.
Mas e se eu te disser que dá para transformar esse momento de tensão em uma experiência tranquila — até gostosa — para você e seu bichinho? Sim, é possível! E é exatamente isso que vamos te mostrar aqui.
Neste artigo, você vai aprender passo a passo como cortar as unhas do seu pet sem estresse, entender por que tantos animais reagem mal a esse cuidado, descobrir quais ferramentas usar, como preparar o ambiente e, principalmente, como criar uma rotina positiva que vai deixar seu pet calmo e confiante. Tudo isso com dicas práticas, baseadas em comportamento animal e experiência de quem já passou por isso (e errou muito antes de acertar!).
Se você ama seu pet e quer cuidar dele com carinho — sem traumas —, continue lendo. Porque unhas longas não são só uma questão estética: são um risco à saúde e ao bem-estar do seu melhor amigo.
1. Por que seu pet odeia cortar as unhas (e como mudar isso)
Antes de pegar o alicate, é essencial entender por que tantos pets têm pavor de cortar as unhas. Afinal, não é à toa que eles viram “outro animal” nessa hora.
Muitos tutores acham que é frescura, birra ou teimosia. Mas na verdade, é medo. E esse medo tem origens bem reais:
- Experiência traumática anterior: Se na primeira vez o pet sentiu dor (porque você cortou o “vivo” — a parte sensível da unha), ele associou o corte a algo ruim. E o cérebro animal é ótimo em guardar memórias dolorosas.
- Falta de familiarização: Se você só pega as patinhas ou toca nas unhas na hora do corte, o pet não se acostuma. É como se alguém só te tocasse para dar injeção — você também ficaria tenso, né?
- Sensibilidade nas patas: As patas são cheias de terminações nervosas. Para muitos pets, especialmente gatos e cães mais ansiosos, tocar nas patas já é desconfortável. Imagine segurar, apertar e cortar?
Então, como mudar isso?
Comece devagar. Antes mesmo de pensar em cortar, passe dias (ou semanas!) apenas acariciando as patinhas do seu pet. Faça isso durante o carinho normal, sempre associando a um petisco gostoso. Toque entre os dedos, aperte levemente as almofadinhas, brinque com as unhas — tudo com calma e recompensa.
O objetivo aqui é desassociar o toque nas patas de algo ruim. Quando seu pet ficar tranquilo com isso, aí sim você avança para o próximo passo: apresentar o cortador.
Deixe o alicate perto dele, deixe cheirar, tocar. Faça barulhinhos com ele longe das patas, sempre recompensando. O segredo é transformar o corte de unhas em algo previsível, seguro e positivo.
Dica prática: Comece cortando apenas uma unha por sessão. Sim, uma só! E pare imediatamente se o pet der qualquer sinal de estresse. Melhor pouco e positivo do que tudo de uma vez e traumático.
2. Ferramentas certas fazem toda a diferença (e como escolher a ideal)
Você sabia que usar o cortador errado pode ser a razão pela qual seu pet sofre tanto? Pois é. Nem todo alicate serve para todo pet — e isso vai muito além do tamanho.
Vamos às opções mais comuns:
Alicate tipo guilhotina
Ideal para cães pequenos e gatos. O corte é preciso, mas exige cuidado para não esmagar a unha antes de cortar. Se mal usado, pode causar dor.
Alicate tipo tesoura
Mais indicado para cães maiores, com unhas grossas. Oferece mais controle e força, mas precisa de prática para não errar o ângulo.
Lixa elétrica ou manual
Ótima opção para pets extremamente sensíveis ou que já tiveram experiências ruins com cortadores. A lixa desgasta a unha aos poucos, sem pressão ou estalo. Pode ser mais lenta, mas é menos assustadora.
Cortadores com luz LED
Alguns modelos modernos têm luz que ajuda a visualizar o “vivo” da unha — aquela parte rosada cheia de nervos e vasos sanguíneos. Super útil para tutores iniciantes!
Importante: Nunca use cortadores humanos. Eles não foram feitos para a estrutura das unhas dos pets e podem causar rachaduras ou fraturas na unha.
Além do cortador, tenha sempre em mãos:
- Pó hemostático ou farinha de milho (para estancar sangramento, caso corte o vivo por acidente)
- Petiscos de alto valor (frango cozido, queijo, sachês — algo que seu pet AMA)
- Toalha macia (para envolver gatos ou cães ansiosos, se necessário)
E não se esqueça: a ferramenta certa é aquela que você se sente confortável usando. Se você está nervoso, seu pet sente. Então experimente, treine em unhas falsas (sim, existem!) e escolha o que dá mais segurança para vocês dois.
3. Passo a passo: como cortar as unhas sem trauma (mesmo que seu pet seja difícil)
Agora que você entendeu o porquê e escolheu a ferramenta, vamos ao passo a passo prático. E olha: isso funciona mesmo para aqueles pets que parecem possuídos na hora do corte!
Passo 1: Escolha o momento certo
Nada de tentar cortar as unhas depois de uma caminhada agitada ou quando o pet está com sono. O ideal é um momento de calma, depois de uma brincadeira leve ou até depois de uma refeição. Animais saciados e relaxados cooperam muito mais.
Passo 2: Prepare o ambiente
Escolha um local tranquilo, sem barulhos ou interrupções. Se for um gato, uma superfície estável (como uma mesa coberta com toalha antiderrapante) ajuda. Para cães, o chão firme ou seu colo (se ele for pequeno e confiar em você) são boas opções.
Passo 3: Posicione o pet com carinho
Nunca force. Se o pet resiste, volte ao passo de familiarização. Se ele aceita, segure a pata com suavidade. Para cães, levante a pata como se fosse dar “a pata”. Para gatos, envolva o corpinho na toalha, deixando só uma pata de fora — isso reduz a sensação de vulnerabilidade.
Passo 4: Identifique o “vivo” da unha
Em unhas claras, é fácil: o vivo é a parte rosada dentro da unha. Em unhas escuras, fique atento ao formato — o vivo geralmente termina antes da curva da unha. Se não tiver certeza, corte bem pouquinho por vez.
Regra de ouro: Sempre corte na diagonal, na pontinha da unha, longe do vivo. Melhor cortar menos e repetir depois do que arriscar machucar.
Passo 5: Recompense a cada unha
Sim, a cada uma! Dê um petisco, um carinho, uma palavra de elogio. Faça disso um ritual positivo. Se cortar 4 unhas, são 4 recompensas — e uma festa no final!
Passo 6: Pare se houver sinais de estresse
Ofegar, tentar fugir, rosnar, miar alto — são sinais claros de que o pet está no limite. Não force. Termine por ali e tente novamente outro dia. A pressão só reforça o trauma.
Dica bônus: Grave vídeos curtos do processo. Assim você consegue ver onde está errando (na pegada, no ângulo, no ritmo) e melhorar na próxima vez.
4. Soluções criativas para pets que “não deixam nem chegar perto”
Tem pets que, mesmo com toda paciência do mundo, parecem ter pânico só de ver o cortador. E aí? Desistir? Levar sempre ao pet shop? Não necessariamente.
Aqui vão estratégias criativas — e comprovadas — para esses casos mais difíceis:
Use a lixa elétrica enquanto ele dorme
Sim, você leu certo. Muitos tutores de gatos e cães pequenos usam lixas elétricas silenciosas (procure as com menos de 50 dB) enquanto o pet está dormindo. Aos poucos, o barulho e a vibração vão se tornando familiares — e o desgaste das unhas acontece sem estresse.
Associe o corte a algo que ele ama
Tem pet que é louco por massagem? Comece massageando as patinhas todos os dias. Depois, introduza o toque com o cortador (sem cortar). Depois, o barulho. Depois, o corte de uma unha. Tudo com petiscos e elogios.
Divida o processo em etapas (mesmo que leve meses)
Não tem problema levar semanas ou meses para conseguir cortar todas as unhas. O importante é que cada etapa seja positiva. Um tutor conseguiu cortar as unhas do seu gato em 3 meses — começando com 2 segundos de toque na pata e terminando com o corte completo. Hoje, o gato pousa a pata sozinho quando vê o cortador!
Use produtos calmantes
Sprays com feromônios (como o Feliway para gatos ou Adaptil para cães), óleos essenciais específicos para pets (nunca use os humanos!) ou até camisetas de compressão (tipo Thundershirt) podem ajudar a reduzir a ansiedade.
Peça ajuda (sem vergonha!)
Se mesmo assim não rolar, chame um amigo, um adestrador ou um groomer experiente para te ajudar nas primeiras vezes. Ver outra pessoa fazendo com calma e segurança pode te dar confiança — e seu pet também.
Lembre-se: Seu pet não é “difícil”. Ele só teve experiências ruins ou não foi preparado da forma certa. E isso tem conserto — com paciência e amor.
5. O que fazer se você cortar o “vivo” (e como evitar que isso arruíne tudo)
Vamos ser honestos: quase todo tutor já cortou o vivo da unha do pet pelo menos uma vez. E dói — muito. Mas o pior não é a dor momentânea: é o trauma que isso pode causar para as próximas vezes.
Então, se isso acontecer com você (e pode acontecer!), siga este protocolo:
1. Mantenha a calma
Se você entrar em pânico, seu pet entra junto. Respire fundo. Fale baixinho. Segure-o com carinho.
2. Estanque o sangue
Use pó hemostático (vendido em pet shops) ou, na falta dele, farinha de milho ou amido de milho. Pressione levemente por 1-2 minutos. Não use algodão — ele gruda e piora.
3. Conforte, mas não superproteja
Dê carinho, mas evite ficar “coitadinho, coitadinho” o tempo todo. Isso pode reforçar o medo. Melhor: distraia com um brinquedo ou petisco após o sangue parar.
4. Pare o procedimento
Não tente continuar cortando as outras unhas. Encerre ali. O foco agora é reconstruir a confiança.
5. Nos próximos dias, retome a familiarização
Volte ao estágio de tocar as patinhas sem cortar. Recomece do zero, com mais calma e mais petiscos. Mostre que nem todo toque nas patas termina em dor.
Importante: O vivo da unha costuma recuar depois de algumas semanas. Então, nos próximos cortes, vá com MUITO cuidado e corte menos do que o normal, até ter certeza de onde ele está.
Errar faz parte. O que não pode é desistir ou deixar o medo tomar conta. Seu pet confia em você — e você pode reconquistar essa confiança.
6. Benefícios que vão além da estética: por que isso é tão importante para a saúde do seu pet
Cortar as unhas do pet não é frescura. É cuidado preventivo essencial — tão importante quanto vacina e vermífugo.
Unhas longas podem:
- Alterar a postura e causar dores articulares: Quando as unhas tocam o chão, o pet muda a forma de andar. Isso sobrecarrega joelhos, quadris e coluna — especialmente em cães idosos ou com displasia.
- Encravar e causar infecções: Principalmente em gatos e cães sedentários, unhas muito longas podem crescer em curva e entrar na pele.
- Machucar o pet durante brincadeiras ou ao se coçar: Já viu um gato se arranhar com a própria unha? Dá até dó.
- Danificar pisos, móveis e até machucar pessoas (especialmente idosos e crianças).
Além disso, pets com unhas bem cuidadas:
- Têm mais equilíbrio e segurança ao andar
- Sofrem menos estresse durante consultas veterinárias e banhos
- Desenvolvem mais confiança no relacionamento com o tutor
Dado interessante: Um estudo da Universidade de Purdue (EUA) mostrou que cães com unhas longas apresentam maior risco de desenvolver artrite precoce — especialmente em raças grandes.
Portanto, cortar as unhas não é um favor que você faz ao pet. É uma responsabilidade de quem escolheu tê-lo por perto.
7. Transformando o corte de unhas em um momento de conexão (e não de guerra)
Aqui vai um segredo que poucos contam: o corte de unhas pode ser um dos momentos mais especiais entre você e seu pet.
Parece loucura? Não é.
Quando você transforma esse cuidado em um ritual de confiança, paciência e carinho, está fortalecendo o vínculo afetivo. Seu pet aprende que você é seguro, que cuida dele sem machucar, que respeita seus limites.
Muitos tutores relatam que, depois de dominarem a técnica, o pet passa a procurar o momento do corte — porque associa a petiscos, carinho e atenção exclusiva.
Imagine: em vez de fugir, seu cachorro vem e pousa a pata no seu colo. Ou seu gato, que antes sumia, agora ronrona enquanto você lixa as unhas. Isso é possível — e lindo.
História real: Uma tutora de um gato resgatado, extremamente arisco, levou 8 meses para conseguir cortar as unhas dele. Hoje, ele senta no colo dela toda quinta-feira — dia oficial do “spa das patinhas”. Ela diz que foi o processo que mais aproximou os dois.
Isso não é só sobre unhas. É sobre confiança, paciência e amor em ação.
Conclusão: Seu pet merece esse cuidado — e você pode oferecer, sem culpa ou medo
Cortar as unhas do seu pet não precisa ser um campo de batalha. Com as informações certas, as ferramentas adequadas e, principalmente, com paciência e empatia, você pode transformar esse momento em algo leve, seguro e até prazeroso para vocês dois.
Lembre-se: não existe pet “difícil”. Existem pets que não foram preparados da forma certa — e isso tem conserto. Cada passo, por menor que seja, é uma vitória. Cada unha cortada sem estresse é uma conquista.
Você não precisa ser perfeito. Só precisa ser presente, atento e disposto a tentar de novo — mesmo que demore.
Seu pet confia em você. Ele merece esse cuidado. E você merece se sentir capaz de oferecê-lo.
Pronto para começar? Escolha um dia tranquilo, prepare os petiscos, pegue o cortador e comece devagar — só com o toque nas patinhas. Comemore cada progresso. E se errar? Tudo bem. Recomece. Seu pet vai te agradecer — com lambidas, ronronados e muito amor.
E aí, qual foi sua maior dificuldade ao cortar as unhas do seu pet? Conte nos comentários — e se este artigo te ajudou, compartilhe com quem precisa! Juntos, podemos tornar o mundo dos pets (e dos tutores) um lugar menos estressante. 💚🐾
Carlos Oliveira é um verdadeiro entusiasta por animais de estimação, apaixonado desde cedo pela convivência com cães, gatos e outros bichinhos que transformam lares em lugares mais alegres. Com sua experiência prática no cuidado e na convivência diária com pets, ele busca sempre aprender e compartilhar dicas que ajudam a garantir saúde, bem-estar e qualidade de vida para os animais, acreditando que cada pet merece amor, respeito e atenção.
