As raças de cães mais populares no Brasil e suas características

As raças de cães mais populares no Brasil e suas características

Por que escolher a raça certa é mais importante do que você imagina

Você já parou para pensar que escolher um cão não é só uma questão de paixão pelo “fofinho” da foto? Muitas vezes, nos apaixonamos por um cachorrinho em um vídeo fofinho ou por causa da aparência marcante de uma raça — e isso é completamente natural! Afinal, quem resiste a um Golden sorridente ou a um Pug com cara de malandro?

Mas aqui vai uma verdade que pode mudar sua experiência como tutor: a raça do seu cão influencia diretamente na sua rotina, no seu bolso, no seu tempo livre e até na sua saúde mental. Sim, isso mesmo. Um Border Collie em um apartamento pequeno pode virar um furacão de ansiedade. Um Bulldog em um clima quente pode sofrer sérios problemas respiratórios. E um Labrador sem exercícios diários? Prepare-se para morderias, destruições e muito, muito carinho acumulado — e mal direcionado.

Neste artigo, vamos mergulhar nas raças de cães mais populares no Brasil, entender por que elas conquistaram tantos lares, e, o mais importante, quais são as características reais — comportamentais, físicas e de cuidados — que você precisa conhecer antes de trazer um novo membro para a família.

Vamos falar de temperamento, necessidades de espaço, gastos com saúde, tempo de exercício, convivência com crianças e até dicas de adaptação para apartamentos. Tudo isso com linguagem leve, histórias reais e conselhos práticos que vão te ajudar a tomar a decisão mais acertada — e evitar arrependimentos futuros.

Se você está pensando em adotar, já tem um cão e quer entender melhor sua raça, ou só é apaixonado por pets e curioso sobre o que move os brasileiros na hora de escolher seu melhor amigo, este artigo é para você.

Vamos nessa?


1. O Labrador Retriever: o queridinho dos brasileiros (e do mundo!)

Se existe uma raça que parece ter sido feita sob medida para famílias brasileiras, essa raça é o Labrador Retriever. Consistente no topo dos rankings de popularidade há anos — não só no Brasil, mas em boa parte do mundo —, o Labrador conquista corações com sua simpatia inabalável, inteligência afiada e disposição para amar incondicionalmente.

Mas o que torna o Labrador tão especial?

Primeiro: ele é incrivelmente versátil. Pode ser cão de família, cão-guia, cão de resgate, cão terapeuta e até ator de cinema (já viu Marley?). Sua natureza dócil e paciente faz dele um excelente companheiro para crianças, idosos e até outros animais. Ele não é agressivo por natureza, mas também não é um “paninho de chão”: sabe se impor quando necessário, especialmente se sentir que alguém da “matilha” está em perigo.

Segundo: ele é ativo, mas não hiperativo. Diferente de algumas raças que precisam de corridas diárias de 10 km, o Labrador se contenta com caminhadas regulares, brincadeiras no quintal e, claro, muitos mergulhos — afinal, ele foi criado para trabalhar na água! Se você mora em apartamento, não se preocupe: desde que tenha pelo menos 1h de atividade física por dia, ele se adapta bem.

Cuidados importantes:

  • Obesidade é o vilão número 1. Labradores adoram comida — e comem qualquer coisa que caia no chão. Controle rigoroso da alimentação e exercícios são essenciais.
  • Predisposição a displasia de quadril e cotovelo — exames preventivos e acompanhamento veterinário são fundamentais.
  • Troca de pelo sazonal intensa — escovação frequente é obrigatória, especialmente na primavera e outono.

💡 Dica prática: Se você quer um cão que seja “bom com todos”, que se dê bem em qualquer ambiente e que tenha um coração gigante, o Labrador é uma aposta quase infalível — desde que você esteja disposto a mantê-lo ativo e saudável.


2. O Golden Retriever: elegância, carinho e… pelos por toda parte!

O Golden Retriever: elegância, carinho e… pelos por toda parte!

Se o Labrador é o “amigo do peito”, o Golden Retriever é o “príncipe encantado” dos cães. Com sua pelagem dourada, olhar meigo e jeito gentil, ele parece saído de um conto de fadas. Mas, por trás dessa beleza, há um cão inteligente, leal e profundamente afetivo — que exige, sim, cuidados específicos.

Muito confundido com o Labrador (eles são primos de raça, digamos assim), o Golden tem algumas diferenças importantes:

  • Pelagem longa e densa: linda, mas exige escovação diária para evitar nós e acúmulo de sujeira.
  • Temperamento ainda mais sensível: Goldens são extremamente ligados aos tutores e sofrem mais com solidão. Não são indicados para quem passa o dia todo fora de casa.
  • Tendência a desenvolver ansiedade de separação: se deixado sozinho por muito tempo, pode latir excessivamente, roer móveis ou até adoecer emocionalmente.

Mas por que ele é tão amado?

Porque não existe cão mais “terapeuta natural”. Goldens são usados em hospitais, asilos e escolas justamente por sua capacidade de acalmar, ouvir e oferecer conforto sem julgamentos. Em casa, são protetores sem serem agressivos, brincalhões sem serem destrutivos e pacientes até com as birras das crianças.

Cuidados importantes:

  • Banho e tosa a cada 4-6 semanas — manter a pelagem saudável é essencial para evitar dermatites.
  • Predisposição a câncer e problemas cardíacos — acompanhamento veterinário semestral é recomendado a partir dos 5 anos.
  • Precisa de convívio constante — se sua rotina é muito corrida, considere ter outro pet ou contratar um dog walker.

💡 Dica prática: Se você busca um cão para ser seu companheiro emocional, que te receba com festa todo dia e que tenha paciência infinita, o Golden é perfeito — mas só se você puder oferecer tempo e carinho diários.


3. O Poodle: pequeno, esperto e cheio de personalidade

Se você pensa que Poodle é só aquele cachorrinho de salão de beleza com laços e cortes extravagantes, prepare-se para uma surpresa: o Poodle é uma das raças mais inteligentes do mundo — e também uma das mais adaptáveis.

No Brasil, os Poodles Toy e Miniatura dominam os lares urbanos, especialmente em apartamentos. E não é à toa: eles são pequenos, não soltam pelo (ótimo para alérgicos!), aprendem truques com facilidade e têm uma personalidade vibrante que encanta qualquer um.

Mas não se engane: por trás da fofura, há um cão cheio de opinião. Poodles são conhecidos por serem “tagarelas” — latem para avisar, para chamar atenção, para protestar. Eles também são sensíveis a mudanças de rotina e podem desenvolver ciúmes se sentirem que estão perdendo seu lugar de “filho único”.

Vantagens de ter um Poodle:

  • Ideal para apartamentos e casas pequenas.
  • Não solta pelo — ótimo para quem tem alergia ou odeia limpar pelos o tempo todo.
  • Aprende comandos rapidamente — ótimo para treinamento e obediência.
  • Longevidade alta: pode viver entre 14 e 17 anos com cuidados adequados.

Cuidados importantes:

  • Tosa a cada 6-8 semanas — a pelagem cresce sem parar e precisa de manutenção.
  • Atenção à saúde bucal — cães pequenos têm maior risco de problemas dentários.
  • Estimulação mental diária — brinquedos interativos, treinos curtos e desafios ajudam a evitar tédio e comportamentos destrutivos.

💡 Dica prática: Se você mora em apartamento, quer um cão inteligente e fácil de treinar, e não se importa de levar para o pet shop regularmente, o Poodle é uma escolha brilhante — e cheia de charme.


4. O Shih Tzu: o “leão de colo” que conquistou os brasileiros

Com sua carinha achatada, olhos grandes e jeito de nobre oriental, o Shih Tzu parece um brinquedo vivo. Mas não se deixe enganar pela aparência de boneco: por trás dessa fofura há um cão corajoso, carismático e cheio de atitude.

Originário da China, onde era criado nos palácios imperiais, o Shih Tzu chegou ao Brasil e virou febre — especialmente entre idosos, pessoas que moram sozinhas e famílias que buscam um cão de colo. Ele é calmo, afetuoso e adora ficar no sofá ao seu lado, mas também tem seu lado teimoso.

Por que ele é tão popular?

  • Tamanho pequeno e peso leve — fácil de carregar e viajar.
  • Temperamento tranquilo — não é agitado nem destrutivo.
  • Excelente companhia para quem busca um cão “low maintenance” em termos de energia.

Mas atenção: “low energy” não significa “sem cuidados”!

O Shih Tzu exige atenção especial com:

  • Olhos: por serem grandes e saltados, são propensos a irritações e lesões. Limpeza diária é essencial.
  • Respiração: por ter focinho curto (braquicefálico), sofre com calor e exercícios intensos. Evite passeios nos horários mais quentes.
  • Pelagem longa: se não for tosado, exige escovação diária para evitar nós.

💡 Dica prática: Se você quer um cão que seja seu companheiro de Netflix, que adore carinho e não exija maratonas de exercícios, o Shih Tzu é perfeito — mas prepare-se para cuidar bem dos olhos e da pelagem.


5. O Lhasa Apso: o guardião silencioso com coração de ouro

O Lhasa Apso: o guardião silencioso com coração de ouro

Muita gente confunde Lhasa Apso com Shih Tzu — e realmente, eles são parecidos. Mas o Lhasa tem um diferencial: ele foi criado para ser um cão de guarda tibetano, alerta e desconfiado com estranhos. Isso significa que, apesar do tamanho pequeno, ele tem um latido potente e um instinto protetor impressionante.

No Brasil, o Lhasa ganhou popularidade por sua beleza exótica, fidelidade extrema e independência moderada. Ele não é grudento como o Shih Tzu, mas também não é distante. É o tipo de cão que te observa de longe, mas aparece na hora do cafuné.

Características marcantes:

  • Extremamente leal ao tutor — pode ser ciumento.
  • Excelente “alarme vivo” — late para qualquer barulho ou movimento estranho.
  • Pelagem longa e densa — exige cuidados diários.

Cuidados importantes:

  • Socialização desde filhote é crucial — sem isso, pode se tornar medroso ou agressivo com visitas.
  • Cuidados com os olhos e ouvidos — a pelagem longa pode causar infecções se não for bem higienizada.
  • Não é um cão para quem quer obediência cega — ele tem personalidade forte e pode “ignorar” comandos se não estiver a fim.

💡 Dica prática: Se você quer um cão que seja alerta, protetor e de beleza única, o Lhasa Apso é uma ótima escolha — mas invista em treinamento e socialização desde cedo.


6. O Buldogue Francês: o charme irresistível (e os cuidados essenciais)

Ah, o Buldogue Francês — ou “Frenchie”, como é carinhosamente chamado. Com suas orelhas de morcego, carinha de malandro e jeito preguiçoso, ele se tornou o xodó das redes sociais e dos lares urbanos brasileiros. Mas por trás do charme, há uma raça que exige atenção redobrada com a saúde.

O Frenchie é braquicefálico — ou seja, tem o focinho curto. Isso o torna extremamente sensível ao calor, ao estresse e ao esforço físico. Um passeio em dia quente pode ser perigoso. Subir escadas? Cansaço instantâneo. Brincadeiras muito intensas? Risco de colapso respiratório.

Mas por que ele é tão amado?

  • Personalidade divertida e cheia de charme — é engraçado, bagunceiro no bom sentido e adora estar perto do tutor.
  • Tamanho compacto — ideal para apartamentos.
  • Baixa necessidade de exercícios — 20-30 minutos de caminhada leve por dia são suficientes.

Cuidados vitais:

  • Evitar calor e umidade — ar-condicionado e ventilação são essenciais.
  • Controle de peso rigoroso — obesidade agrava problemas respiratórios.
  • Acompanhamento veterinário frequente — problemas na coluna (por ser “cachorro de perninha curta”) e alergias de pele são comuns.

💡 Dica prática: Se você ama o estilo único do Frenchie e está disposto a cuidar da sua saúde com carinho e disciplina, ele será um companheiro leal e cheio de amor — mas nunca o deixe exposto ao sol ou ao calor excessivo.


7. O SRD (Sem Raça Definida): o herói anônimo dos lares brasileiros

Antes de continuar, vamos fazer uma pausa para aplaudir de pé o verdadeiro campeão de popularidade no Brasil: o cão SRD — Sem Raça Definida, ou como muitos preferem chamar, “vira-lata”.

Estima-se que mais de 70% dos cães no Brasil sejam SRDs. Eles estão em todos os lugares: nas ruas, nos abrigos, nos lares e até em campanhas publicitárias. E por um bom motivo: os SRDs são, muitas vezes, mais saudáveis, mais resistentes e mais adaptáveis do que muitas raças puras.

Por quê?

Porque a mistura genética reduz a incidência de doenças hereditárias. Um SRD raramente terá displasia grave, problemas cardíacos congênitos ou alergias extremas — a não ser que tenha sido mal cuidado ou tenha sofrido maus-tratos.

Além disso, cada SRD é único. Você pode adotar um cão com o temperamento de um Golden, a energia de um Border Collie e a pelagem de um Pastor Alemão — tudo em um só! E o melhor: adotar um SRD é salvar uma vida e combater o abandono.

Vantagens de adotar um SRD:

  • Preço: geralmente, só os custos de vacinação e castração (muitas vezes subsidiados por ONGs).
  • Saúde: mais resistente a doenças genéticas.
  • Personalidade: surpresa agradável — cada um tem seu jeito único.
  • Satisfação emocional: você está dando uma segunda chance a quem mais precisa.

💡 Dica prática: Se você está em dúvida entre raças, visite um abrigo. Você pode se surpreender com a conexão que vai sentir por um SRD — e descobrir que o cão dos seus sonhos não tem pedigree, mas tem muito amor para dar.


8. Como escolher a raça ideal para o seu estilo de vida?

Agora que você conhece as raças mais populares, vem a pergunta de ouro: qual é a melhor raça para VOCÊ?

Não existe resposta certa — existe a resposta mais adequada ao seu estilo de vida. Para te ajudar, aqui vai um checklist rápido:

Espaço disponível: mora em apartamento? Priorize raças pequenas ou de baixa energia. Tem quintal? Pode considerar raças maiores e mais ativas.

Tempo livre: passa o dia fora? Evite raças que sofrem com solidão (Golden, Shih Tzu, etc.). Tem tempo para brincar e treinar? Considere raças inteligentes e ativas (Border Collie, Pastor Alemão).

Orçamento: raças como Frenchie e Bulldog Inglês têm custos veterinários altos. SRDs e raças como o Poodle costumam ser mais econômicos.

Convivência: tem crianças? Prefira raças pacientes (Labrador, Golden). Tem outros pets? Escolha raças sociáveis (Beagle, Boxer).

Objetivo: quer um companheiro de sofá? Vá de Shih Tzu ou Lhasa. Quer um parceiro de corrida? Considere o Vira-Lata esportivo ou o Dálmata.

🎯 Dica final: Antes de escolher, pesquise, converse com tutores, visite criadores sérios ou abrigos. E nunca, jamais, compre por impulso. Um cão é um compromisso de 10 a 15 anos — e ele merece a decisão mais consciente que você puder tomar.


Conclusão: Mais do que uma raça, um novo capítulo da sua vida

Escolher um cão vai muito além de gostar de uma raça ou achar um filhote fofo. É abrir espaço no seu coração, na sua casa e na sua rotina para um ser que vai te amar incondicionalmente — e que depende de você para ser feliz e saudável.

As raças que listamos aqui — Labrador, Golden, Poodle, Shih Tzu, Lhasa Apso, Buldogue Francês e o querido SRD — representam o que há de mais amado no Brasil. Cada uma tem seu charme, seus desafios e suas recompensas. Mas nenhuma delas é “perfeita”. A perfeição está na escolha consciente, no cuidado diário e no amor que você vai construir juntos.

Se você está prestes a adotar, parabéns! Você está prestes a viver uma das experiências mais transformadoras da vida. Se já tem um cão, aproveite para entender melhor sua raça — e surpreenda-se com o quanto isso pode melhorar a convivência.

E se você ainda está em dúvida? Que tal visitar um abrigo? Muitas vezes, o cão dos seus sonhos está esperando por você — sem pedigree, mas com um amor puro e verdadeiro.

🐾 E aí, qual raça conquistou seu coração? Você já tem um cão? Conta pra gente nos comentários qual é a raça dele e o que mais te surpreende no dia a dia! Compartilhe esse artigo com quem está pensando em adotar — pode ser a ajuda que essa pessoa precisa para fazer a escolha certa.

Porque no final das contas, não importa se ele é de raça ou vira-lata — o que importa é o lar que você constrói juntos.

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