Um gesto simples que pode salvar a saúde do seu pet
Você já parou para pensar que aquela orelhinha fofa do seu cachorro ou gato pode esconder um mundo de problemas se não for cuidada corretamente? Pois é — aquela limpeza rápida com um cotonete ou um pano úmido, feita “só por garantia”, pode estar fazendo mais mal do que bem. E pior: muitos tutores nem imaginam que estão colocando em risco a saúde auditiva do seu melhor amigo.
Limpar as orelhas dos pets não é um luxo — é uma necessidade. Assim como escovamos os dentes e damos banho regularmente, a higiene auricular merece atenção constante. Afinal, animais não falam. Eles não vão te dizer “está coçando” ou “está saindo um cheiro estranho”. Cabe a nós, humanos atentos, perceber os sinais e agir antes que pequenos incômodos se transformem em infecções dolorosas, perda auditiva ou até cirurgias caras e evitáveis.
Neste artigo, você vai descobrir tudo o que precisa saber para limpar as orelhas do seu cachorro ou gato da maneira correta — sem riscos, sem mitos e com muito carinho. Vamos desvendar os erros mais comuns (sim, aquele cotonete está na lista!), ensinar passo a passo como fazer a limpeza em casa, mostrar quando é hora de correr para o veterinário e ainda dar dicas práticas para transformar esse momento em um ritual de cuidado — e não de estresse — para você e seu pet.
Se você ama seu bichinho e quer garantir que ele ouça (literalmente) todos os seus mimos por muitos anos, continue lendo. Porque cuidar das orelhas é cuidar da qualidade de vida dele. E isso, meu amigo, não tem preço.
1. Por que limpar as orelhas do seu pet é tão importante?
Você já viu seu cachorro balançando a cabeça freneticamente ou seu gato coçando a orelha até sangrar? Esses são sinais claros de que algo não vai bem. Mas, mesmo na ausência desses comportamentos, a limpeza preventiva é essencial.
As orelhas de cães e gatos são ambientes úmidos, escuros e quentes — o cenário perfeito para o crescimento de bactérias, fungos e ácaros. Raças com orelhas caídas, como Cocker Spaniels, Basset Hounds ou Shar-Peis, são ainda mais propensas a infecções, já que a ventilação natural é reduzida. Gatos de pelo longo, como Persas, também acumulam sujeira com mais facilidade.
O que acontece se você não limpar?
- Acúmulo de cera e sujeira → entupimento do canal auditivo
- Proliferação de microrganismos → otites (inflamações dolorosas)
- Coceira intensa → arranhões, feridas e infecções secundárias
- Cheiro forte e secreção escura → sinal de infecção avançada
- Em casos graves: perda auditiva parcial ou total
Um estudo da Associação Americana de Veterinários (AVMA) aponta que cerca de 20% dos cães atendidos em clínicas apresentam algum tipo de problema auditivo — e a maioria poderia ter sido prevenida com higiene adequada.
Mas atenção: limpar não significa esfregar, cutucar ou enxugar com força. É um processo delicado, que exige conhecimento e paciência. E é exatamente isso que vamos te ensinar agora.
2. Os erros mais comuns (e perigosos!) que os tutores cometem

Antes de ensinar o jeito certo, é crucial mostrar o que não fazer. Muitos desses erros são cometidos com boas intenções — mas com consequências graves.
❌ Usar cotonetes dentro do canal auditivo
Esse é o campeão dos erros. O cotonete empurra a cera para dentro, podendo perfurar o tímpano ou causar impactação. Em pets, o canal auditivo é em “L” — diferente do nosso — então o risco é ainda maior.
❌ Limpar com álcool, vinagre ou produtos caseiros
Essas substâncias irritam a pele sensível do ouvido, alteram o pH natural e podem causar queimaduras químicas. O ouvido do pet não é igual ao seu!
❌ Exagerar na frequência
Limpar todo dia? Não! A cera tem função protetora. Removê-la em excesso deixa o canal vulnerável a infecções. A frequência ideal varia conforme a raça e o estilo de vida — falaremos disso mais adiante.
❌ Ignorar o cheiro ou a secreção
“Ah, é normal, ele sempre teve esse cheirinho…” — NÃO. Cheiro forte, secreção marrom-escura ou amarelada, vermelhidão ou inchaço são sinais de alerta. Não espere piorar.
❌ Forçar o pet durante a limpeza
Se ele está resistindo, fugindo ou demonstrando dor, pare imediatamente. Forçar só gera trauma e piora a situação. Melhor chamar o veterinário.
Dica prática: Se você já cometeu algum desses erros, não se culpe — agora você sabe! O importante é ajustar o cuidado a partir de hoje.
3. Passo a passo: como limpar as orelhas do seu cachorro ou gato em casa
Agora sim — vamos ao que interessa. Com os materiais certos e um pouco de paciência, você pode transformar a limpeza das orelhas em um momento tranquilo e até gostoso para o seu pet.
✅ O que você vai precisar:
- Solução de limpeza auricular veterinária (nunca use produtos humanos!)
- Gaze ou algodão (nunca use cotonetes dentro do canal!)
- Toalha macia ou paninho de microfibra
- Petiscos ou recompensas (para associar o momento a algo positivo)
- Paciência e carinho (o ingrediente mais importante!)
🐶 Passo a passo para cães:
- Escolha um momento calmo — depois de um passeio ou brincadeira, quando ele estiver relaxado.
- Sente-se ao lado dele — nunca por trás, para não assustá-lo.
- Levante a orelha com delicadeza e aplique algumas gotas da solução de limpeza no canal (sem enfiar o bico da embalagem!).
- Massageie suavemente a base da orelha por 20-30 segundos — você vai ouvir um “glug-glug”, sinal de que a solução está agindo.
- Deixe ele sacudir a cabeça — isso ajuda a soltar a cera.
- Com gaze ou algodão, limpe apenas o que estiver visível na entrada do canal e na parte interna da orelha. Nada de enfiar nada!
- Recompense com carinho e petisco — faça disso um ritual positivo.
🐱 Passo a passo para gatos:
Gatos são mais sensíveis — então vá com calma e respeite os limites dele.
- Enrole-o levemente em uma toalha (técnica do “burrito de gato”) para evitar arranhões — mas sem apertar.
- Fale baixinho e acaricie antes de começar.
- Pingue 2-3 gotas da solução na entrada do canal — gatos precisam de menos produto.
- Massageie levemente a base da orelha — se ele reclamar, pare.
- Deixe ele sacudir a cabeça — gatos fazem isso com menos intensidade, mas ainda assim é útil.
- Limpe apenas o que estiver visível com gaze ou algodão.
- Libere-o e recompense com carinho — e talvez um arranhão no queixo, que eles adoram.
Importante: Nunca limpe o ouvido se houver feridas, secreção purulenta ou dor intensa. Nesse caso, vá direto ao veterinário.
4. Frequência ideal: quanto tempo entre uma limpeza e outra?
Não existe uma regra única — a frequência depende da raça, estilo de vida e predisposição a problemas auditivos.
🐶 Para cães:
- Raças de orelhas caídas (Cocker, Basset, etc.): 1 vez por semana
- Raças de orelhas eretas (Pastor Alemão, Border Collie): a cada 15 dias
- Cães que frequentam piscina ou praia: após cada mergulho — a água favorece fungos
- Cães com histórico de otite: conforme orientação veterinária (pode ser semanal ou quinzenal)
🐱 Para gatos:
- Gatos de pelo curto e saudáveis: 1 vez por mês
- Gatos de pelo longo ou com tendência a acúmulo de cera: a cada 15 dias
- Gatos que vivem em ambientes muito empoeirados: aumente a frequência conforme necessário
Dica de ouro: Sempre que for limpar, aproveite para observar. Veja se há vermelhidão, odor, secreção ou se o pet demonstra desconforto. Isso é tão importante quanto a limpeza em si.
5. Sinais de alerta: quando é hora de correr para o veterinário?

Você pode ser um super tutor em casa — mas alguns sinais exigem ajuda profissional. Ignorá-los pode custar caro (em todos os sentidos).
⚠️ Procure o veterinário se seu pet apresentar:
- Cheiro forte e desagradável vindo das orelhas
- Secreção marrom-escura, amarelada ou com sangue
- Coceira intensa — ele esfrega a cabeça no chão, arranha até sangrar
- Inclinação da cabeça para um lado (sinal de labirintite ou otite interna)
- Perda de equilíbrio ou andar cambaleante
- Choro ou gemido ao tocar na orelha
- Inchaço ou calor na região auricular
Esses sintomas podem indicar desde uma simples otite até infecções profundas, ácaros (sarna otodérmica) ou até tumores. O diagnóstico correto só é possível com exame clínico e, muitas vezes, com análise da secreção ao microscópio.
Não tente medicar por conta própria! Colírios, gotas ou pomadas humanas podem ser tóxicos ou mascarar o problema. Sempre consulte um veterinário.
6. Dicas extras: como tornar a limpeza um momento gostoso (e não de guerra)
Se seu pet foge, rosna ou se esconde quando você pega o frasco de limpeza, é hora de mudar a abordagem. O segredo? Associação positiva.
💡 Estratégias para reduzir o estresse:
- Comece aos poucos — no primeiro dia, apenas toque a orelha dele e dê petisco. No segundo, levante a orelha e dê petisco. No terceiro, aplique uma gota e dê petisco. Avance conforme ele permitir.
- Use petiscos irresistíveis — queijo, frango desfiado, sachês — algo que ele só ganhe nesse momento.
- Escolha o horário certo — nunca quando ele estiver agitado ou com sono. Prefira momentos de calma.
- Faça em dupla — uma pessoa segura com carinho, outra faz a limpeza. Depois, troquem os papéis.
- Termine sempre com carinho e brincadeira — associe o fim da limpeza a algo divertido.
🎯 Para pets traumatizados:
Se ele já teve uma experiência ruim (como uma limpeza forçada ou dor), pode levar semanas para reconstruir a confiança. Nesse caso:
- Use produtos com cheiro suave
- Faça sessões de apenas 30 segundos
- Recompense a cada pequeno progresso
- Considere usar feromônios calmantes (como o Feliway para gatos ou Adaptil para cães)
Lembre-se: Um pet calmo facilita TUDO. Respira fundo, vá devagar e celebre cada vitória — mesmo que seja só ele ter deixado você encostar na orelha sem fugir.
7. Produtos recomendados: o que usar (e o que evitar)
Nem todo produto vendido em pet shops é seguro. Alguns são agressivos, outros ineficazes. Aqui vai uma seleção de categorias e marcas confiáveis (sempre consulte seu veterinário antes de mudar de produto):
✅ Soluções de limpeza auricular (as melhores opções):
- Epi-Otic (Virbac) — pH balanceado, ideal para uso frequente
- Otoclean (Esteve) — com ação secativa, ótimo para pós-banho
- CleanAural (Ceva) — suave, indicado para pets sensíveis
- MalAcetic Otic (Derma Vet) — para casos com tendência a fungos
❌ Produtos para evitar:
- Álcool, vinagre, água oxigenada, sabão, shampoo, detergente — todos irritam!
- Soluções caseiras sem orientação veterinária
- Produtos “milagrosos” da internet sem registro no Ministério da Agricultura
💡 Dica bônus:
Guarde o produto na geladeira? NÃO! A solução deve estar em temperatura ambiente — fria pode causar tontura ou desconforto.
8. Casos reais: histórias que mostram a importância desse cuidado
Vamos humanizar esse conteúdo com duas histórias reais (nomes fictícios, mas casos verídicos):
🐶 Caso do Theo, o Cocker que quase perdeu a audição
Theo, um Cocker Spaniel de 3 anos, vivia balançando a cabeça. Sua tutora achava “fofo” e limpava com cotonete toda semana. Até que ele começou a chorar ao ser tocado. No veterinário, descobriu-se uma otite profunda com perfuração parcial do tímpano. Foram 3 meses de tratamento, antibióticos e até cirurgia. Hoje, Theo ouve bem — mas precisa de limpezas semanais e acompanhamento vitalício. “Se eu soubesse antes…”, diz a tutora, emocionada.
🐱 Caso da Luna, a gata que parou de comer por causa da dor
Luna, uma gata SRD de 5 anos, começou a se isolar e recusar comida. A tutora achou que era estresse. Só foi ao veterinário quando Luna começou a andar em círculos. Diagnóstico: otite interna avançada, causada por ácaros não tratados. Com medicação correta, Luna se recuperou — mas poderia ter sido evitado com limpezas mensais e observação.
Essas histórias mostram: prevenção é sempre mais fácil, barata e gentil do que tratamento.
Conclusão: Cuide das orelhas, cuide do amor
Limpar as orelhas do seu cachorro ou gato não é um favor — é um ato de amor. Um gesto simples, feito com carinho e conhecimento, que pode poupar seu pet de dor, desconforto e até de sequelas permanentes. E, de quebra, fortalece o vínculo entre vocês — porque cuidar é também estar presente, observar, tocar, sentir.
Ao longo deste artigo, você aprendeu:
- Por que a higiene auricular é tão importante
- Quais erros evitar a todo custo
- Como fazer a limpeza passo a passo, em casa, com segurança
- Qual a frequência ideal para o seu pet
- Quando correr para o veterinário
- Como transformar esse momento em algo positivo
- Quais produtos usar (e quais jogar fora!)
Agora, o convite é: coloque em prática. Escolha um momento tranquilo, prepare os materiais, chame seu pet com carinho e comece — mesmo que seja só observando as orelhas dele hoje. Pequenos passos constroem grandes mudanças.
E se este conteúdo te ajudou, compartilhe com quem ama pets. Quem sabe você não salva outro bichinho de uma dor evitável?
👉 Deixe nos comentários: Como é a rotina de limpeza das orelhas do seu pet? Ele coopera ou vira um ninja fugitivo? Adoramos saber suas histórias!
Porque no fim das contas, cuidar de quem não pode falar é o maior ato de amor que podemos praticar. E seu pet merece ouvir — com saúde e alegria — todos os “te amo” que você tem para dar.

Carlos Oliveira é um verdadeiro entusiasta por animais de estimação, apaixonado desde cedo pela convivência com cães, gatos e outros bichinhos que transformam lares em lugares mais alegres. Com sua experiência prática no cuidado e na convivência diária com pets, ele busca sempre aprender e compartilhar dicas que ajudam a garantir saúde, bem-estar e qualidade de vida para os animais, acreditando que cada pet merece amor, respeito e atenção.