Por que seu cão continua cheirando mal — mesmo limpinho?
Você já deu banho no seu cachorro, secou com carinho, passou perfume canino (até aquele cheirinho de bebê!), e, dois dias depois… puf! Lá vem aquele cheiro de “cachorro molhado” de volta? Ou pior: um odor estranho, persistente, que parece sair da pele, das orelhas, ou até da boca do seu amigo de quatro patas?
Se isso soa familiar, saiba que você não está sozinho. Muitos tutores se frustram ao perceber que o banho, por mais caprichado que seja, não resolve o problema do mau cheiro nos cães. E aí vem a pergunta que não quer calar: por que isso acontece?
A verdade é que o odor persistente em cães raramente tem a ver apenas com sujeira superficial. Ele costuma ser um sinal — um grito silencioso do corpo do seu pet pedindo ajuda. Pode estar relacionado à alimentação, à saúde da pele, ao acúmulo de cera nas orelhas, à higiene bucal ou até a infecções silenciosas.
Neste artigo, vamos mergulhar fundo nesse universo olfativo canino (sem julgamentos — prometo!). Vamos entender as causas reais por trás do mau cheiro persistente, mostrar soluções práticas e acessíveis que você pode aplicar em casa e, o mais importante, ensinar como prevenir que esse problema volte a incomodar — e a constranger — você e seu melhor amigo.
Prepare-se: depois de ler até o final, você nunca mais vai encarar um “cheirinho de cachorro” da mesma forma. E, com sorte, vai conseguir abraçar seu pet sem correr para o perfume logo em seguida!
1. O banho não é o vilão — mas pode estar sendo feito errado
Vamos começar pelo óbvio: o banho. É a primeira coisa que a gente faz quando o cachorro começa a cheirar mal. Mas e se o problema não for falta de banho, e sim a forma como ele está sendo dado?
Muitos tutores cometem erros simples — e bem-intencionados — que acabam piorando o odor em vez de resolvê-lo. Um dos mais comuns? Usar shampoo humano no cachorro.
Parece inofensivo, né? Afinal, se limpa a gente, deve limpar o pet também, certo? Errado. A pele dos cães tem um pH completamente diferente do nosso — enquanto a nossa pele é levemente ácida (em torno de 5,5), a deles é mais neutra (entre 6,2 e 7,4). Usar shampoo humano pode desequilibrar essa barreira natural, ressecando a pele ou, pior, abrindo portas para fungos e bactérias que causam mau cheiro.
Outro erro clássico: não enxaguar bem. Sabe aquele cheiro de “sabão velho”? Pode ser resíduo de shampoo preso no pelo — especialmente em raças de pelo longo ou denso, como Golden Retrievers, Lhasa Apsos ou Shih Tzus. Esse acúmulo vira um prato cheio para bactérias.
E tem mais: banhos em excesso. Sim, dar banho demais também pode ser ruim. Cães que tomam banho toda semana — ou até mais de uma vez por semana — podem perder os óleos naturais da pele, o que leva ao ressecamento, coceira e, consequentemente, infecções secundárias que exalam odor desagradável.
O que fazer então?
- Use sempre shampoo próprio para cães. Prefira os neutros ou específicos para a necessidade do seu pet (pele seca, oleosa, alérgica etc.).
- Enxágue, enxágue e enxágue. Passe os dedos entre os pelos durante o enxágue para garantir que não sobrou sabão.
- Evite banhos muito frequentes. A menos que o veterinário recomende, uma vez a cada 15-30 dias é o ideal para a maioria dos cães.
- Seque muito bem. Um cachorro molhado é um convite para fungos. Use toalha e secador (na temperatura morna, nunca quente) até o pelo estar 100% seco — especialmente nas axilas, virilhas e entre as patas.
Dica bônus: Após o banho, passe um pano úmido com vinagre de maçã diluído (1 parte de vinagre para 3 de água) nas áreas de dobra da pele (como focinho, cauda e patas). Isso ajuda a equilibrar o pH e inibir fungos — e o cheiro de vinagre some rapidamente!
2. A alimentação pode estar “saindo pela culatra” — literalmente

Você sabia que o que seu cão come pode refletir diretamente no cheiro que ele exala? Parece estranho, mas é pura ciência.
Cães alimentados com rações de baixa qualidade — cheias de grãos, subprodutos e conservantes artificiais — têm mais dificuldade para digerir os nutrientes. Isso sobrecarrega o fígado e os rins, que são os principais responsáveis por filtrar toxinas do corpo. Quando esses órgãos não dão conta, as toxinas podem ser eliminadas pela pele, causando aquele cheiro forte e desagradável — muitas vezes descrito como “azedo” ou “rançoso”.
Além disso, dietas pobres em nutrientes essenciais deixam a pele do cão mais frágil, propensa a inflamações e infecções bacterianas — que, como já vimos, são grandes vilãs do mau cheiro.
Como a alimentação pode ajudar (ou atrapalhar):
- Rações com muitos grãos (milho, soja, trigo): podem causar alergias alimentares, levando a coceira, inflamação na pele e odor.
- Conservantes químicos (BHA, BHT, etoxiquina): sobrecarregam o fígado e podem causar mau hálito e odor corporal.
- Gorduras de baixa qualidade: oxidam facilmente e deixam o pelo oleoso e com cheiro rançoso.
Soluções práticas:
- Invista em uma ração de qualidade. Procure por ingredientes reais no topo da lista: frango, carne, peixe, batata-doce, ervilhas. Evite rações que listam “subproduto de frango” ou “farinha de carne” como primeiro ingrediente.
- Considere adicionar ômega-3 à dieta. Óleo de peixe ou linhaça ajudam a fortalecer a barreira da pele, reduzindo inflamações e odores.
- Água sempre fresca e limpa. Hidratação ajuda os rins a eliminar toxinas — e menos toxinas = menos cheiro!
- Evite petiscos industrializados cheios de corantes e sal. Prefira snacks naturais, como pedaços de frango cozido ou cenoura crua.
História real: Dona Marta, de Curitiba, notou que seu vira-lata, Bob, cheirava mal mesmo após banhos semanais. Ao trocar a ração por uma premium, sem grãos e com ômega-3, o odor desapareceu em menos de um mês. “Parece outro cachorro! E ele está com mais energia também”, conta ela.
3. Orelhas, dentes e glândulas anais: os “pontos secretos” do mau cheiro
Se o banho está em dia e a alimentação também, mas o cheiro persiste, é hora de investigar os “cantinhos escondidos” do seu cão. Três áreas são campeãs em causar odor quando negligenciadas: orelhas, boca e glândulas anais.
Orelhas: o cheiro de “bolor molhado”
Cães com orelhas caídas (como Cocker Spaniels, Bassets e Shar-Peis) são mais propensos a infecções de ouvido. O ambiente úmido e fechado é perfeito para fungos e bactérias se proliferarem — e o resultado é um odor forte, parecido com bolor ou fermento.
Sintomas além do cheiro: coceira, vermelhidão, secreção marrom ou amarelada, balançar frequente da cabeça.
Boca: o hálito que afasta até o dono mais apaixonado
O mau hálito (halitose) em cães não é “normal”. É sinal de acúmulo de placa bacteriana, tártaro, gengivite ou até problemas digestivos. Essas bactérias liberam compostos sulfurados — os mesmos que causam o cheiro de ovo podre.
Glândulas anais: o “cheiro de peixe podre”
Essas pequenas glândulas, localizadas perto do ânus, secretam um líquido com odor forte — usado pelos cães para marcar território. Quando entupidas ou infectadas, o cheiro fica insuportável e pode até vazar, manchando o pelo ao redor.
Como cuidar dessas áreas:
✅ Orelhas:
- Limpe semanalmente com solução própria para ouvido canino (nunca use cotonete!).
- Após banhos ou passeios na chuva, seque bem as orelhas com gaze ou algodão.
- Se notar odor ou secreção, leve ao veterinário — pode ser necessário tratamento com antibiótico ou antifúngico.
✅ Dentes:
- Escove os dentes do seu cão pelo menos 3x por semana com pasta canina.
- Ofereça ossos ou brinquedos mastigáveis que ajudam a raspar o tártaro.
- Leve para limpeza profissional no veterinário a cada 6-12 meses.
✅ Glândulas anais:
- Em alguns cães, as glândulas se esvaziam naturalmente nas fezes. Em outros, precisam de ajuda.
- Se seu cão arrasta o bumbum no chão (“scooting”) ou lambe excessivamente a região, pode ser sinal de glândulas cheias.
- Leve ao veterinário ou banhista de confiança para esvaziar — não tente fazer sozinho sem orientação!
Analogia útil: Imagine que o corpo do seu cão é como uma casa. O banho limpa as paredes, mas se você não limpar os cantos, debaixo da cama e dentro dos armários, o cheiro de mofo vai voltar. O mesmo vale para orelhas, boca e glândulas — são os “cantos escondidos” que precisam de atenção.
4. Problemas de saúde escondidos atrás do odor
Às vezes, o mau cheiro persistente é mais do que um incômodo — é um sinal de alerta para algo mais sério acontecendo no organismo do seu cão.
Infecções de pele (piodermites), alergias, problemas hormonais (como hipotireoidismo), diabetes, insuficiência renal ou hepática podem se manifestar, entre outros sintomas, por meio de odor corporal anormal.
Por exemplo:
- Um cheiro doce ou frutado pode indicar cetoacidose diabética.
- Um cheiro amônia ou urina forte pode sugerir problemas renais.
- Um odor metálico ou de ferro pode estar ligado a sangramento interno ou infecções.
Quando se preocupar?
Fique atento se o mau cheiro vier acompanhado de:
- Coceira excessiva ou feridas na pele
- Queda de pelo em placas
- Mudança de comportamento (apatia, agressividade)
- Perda de apetite ou sede excessiva
- Vômitos ou diarreia persistentes
Dado importante: Segundo a Associação Brasileira de Dermatologia Veterinária, mais de 40% dos cães com odor persistente apresentam algum tipo de dermatite ou infecção bacteriana/fúngica que só é resolvida com tratamento veterinário.
5. Dicas extras: rotina de higiene que faz toda a diferença
Além dos cuidados já mencionados, pequenos hábitos diários podem transformar radicalmente o cheiro do seu cão — e a qualidade de vida dele também.
✨ Rotina diária de 5 minutos:
- Passe um pano úmido (com água ou solução de vinagre diluído) nas patas e focinho após passeios — especialmente se andou na grama, lama ou chuva.
- Escove o pelo diariamente. Isso remove células mortas, sujeira e distribui os óleos naturais — evitando acúmulo que causa odor.
- Verifique as orelhas e os dentes rapidamente durante a escovação — é um bom momento para notar qualquer alteração.
- Troque a caminha e os brinquedos regularmente. Tecidos retêm odor e bactérias — lave a caminha a cada 7-10 dias com sabão neutro.
✨ Produtos naturais que ajudam:
- Bicarbonato de sódio: polvilhe na caminha ou no pelo (evitando olhos e focinho) para absorver odores — depois escove ou aspire.
- Óleo de coco: aplicado em pequena quantidade na pele (não no pelo), ajuda a hidratar e tem ação antifúngica natural.
- Chá de camomila morno: pode ser usado como enxágue final após o banho — acalma a pele e deixa um cheirinho suave.
Dica de ouro: Tenha um “kit odor zero” em casa: shampoo neutro, solução de limpeza auricular, escova de dentes canina, pano úmido e spray desodorante natural (à base de óleos essenciais seguros, como lavanda diluída). Assim, você resolve qualquer emergência olfativa em minutos!
Conclusão: Cheiro bom é sinal de cão saudável — e feliz!

Chegamos ao fim da nossa jornada olfativa — e espero que, agora, você olhe para o seu cão com outros olhos (e narinas!). O mau cheiro persistente não é um “defeito” do seu pet. É, na maioria das vezes, um pedido de socorro. Um convite para você observar, cuidar e, acima de tudo, amar seu amigo de forma mais profunda e atenta.
Relembrando o que vimos:
- O banho precisa ser feito com produtos e frequência corretos.
- A alimentação influencia diretamente no odor corporal.
- Orelhas, dentes e glândulas anais são vilões silenciosos — e precisam de atenção constante.
- Às vezes, o cheiro é sintoma de algo mais sério — e o veterinário é seu melhor aliado.
- Pequenos hábitos diários fazem uma enorme diferença na prevenção.
Mais do que eliminar o odor, o objetivo é garantir que seu cão esteja saudável, confortável e feliz. Porque um cão que cheira bem, geralmente, é um cão que se sente bem.
Então, que tal começar hoje mesmo? Escolha uma das dicas que você leu, aplique com seu pet e observe os resultados. Talvez seja trocar a ração, talvez seja escovar os dentes, ou só secar melhor as orelhas após o banho. Qualquer passo, por menor que seja, já é um avanço.
E aí, qual dessas dicas você vai experimentar primeiro? Conta pra gente nos comentários! Seu relato pode ajudar outro tutor desesperado com o cheirinho indesejado do pet. E se este artigo foi útil, compartilhe com quem ama cães tanto quanto você — porque cachorro cheirando bem é direito de todos!
Com carinho, paciência e um nariz atento, você e seu cão vão viver (e cheirar!) muito melhor juntos.
🐾 Porque amor de verdade também se sente — e se cheira — no dia a dia.

Carlos Oliveira é um verdadeiro entusiasta por animais de estimação, apaixonado desde cedo pela convivência com cães, gatos e outros bichinhos que transformam lares em lugares mais alegres. Com sua experiência prática no cuidado e na convivência diária com pets, ele busca sempre aprender e compartilhar dicas que ajudam a garantir saúde, bem-estar e qualidade de vida para os animais, acreditando que cada pet merece amor, respeito e atenção.