Seu sofá não é um inimigo — é só um gato sendo gato
Você já entrou na sala e viu aquele rasgão novo no braço do sofá? Ou talvez tenha ouvido aquele scratch-scratch-scratch às 3 da manhã e pensou: “Mas por que ele faz isso comigo?” Se identificou? Respira fundo. Você não está sozinho — e, mais importante: seu gato não está fazendo isso para te provocar.
Arranhar móveis, tapetes, portas, cortinas… é um dos comportamentos felinos mais comuns — e mais mal compreendidos — pelos tutores. Muitos acham que é birra, vingança ou simplesmente “malcriação”. Mas a verdade é muito mais interessante (e fofa, se você souber interpretar). Seu gato não está tentando arruinar sua decoração. Ele está apenas… sendo um gato.
Neste artigo, vamos mergulhar fundo no universo felino para entender por que os gatos arranham os móveis, o que esse comportamento revela sobre suas necessidades físicas e emocionais, e — o mais importante — como você pode redirecionar esse instinto de forma saudável e harmoniosa, sem precisar se despedir do seu sofá favorito.
Vamos explorar desde a biologia até a psicologia felina, passando por dicas práticas, soluções criativas e até histórias reais de tutores que transformaram o “problema” em convivência pacífica. Ao final, você não só vai entender seu gato melhor — vai se surpreender com o quanto esse comportamento pode fortalecer o vínculo entre vocês.
Pronto para descobrir o que seu gato realmente quer dizer quando arranha? Vamos lá!
1. Instinto ancestral: arranhar é sobreviver (mesmo dentro de casa)
Antes de qualquer julgamento moral sobre o sofá rasgado, vamos voltar no tempo. Muito tempo. Imagine seu gatinho doméstico como um pequeno leão das savanas africanas. Sim, ele tem parentes selvagens — e muitos dos comportamentos que ele demonstra hoje vêm direto daquele passado.
Arranhar não é um capricho — é um instinto de sobrevivência.
No ambiente natural, os felinos arranham troncos, rochas e arbustos por várias razões práticas:
- Afiar as unhas: Sim, mas não no sentido estético. As garras são ferramentas essenciais para caçar, escalar e se defender. Ao arranhar, o gato remove as camadas externas gastas da unha, mantendo-as afiadas e funcionais.
- Marcar território: As patas dos gatos têm glândulas odoríferas. Quando arranham, deixam não só marcas visuais, mas também “assinaturas olfativas” que comunicam: “Este lugar é meu”.
- Alongar o corpo: O ato de se esticar e arranhar é um exercício completo. Alonga músculos das patas, costas e ombros — essencial para manter a agilidade felina.
Mesmo vivendo num apartamento com ar-condicionado e ração premium, seu gato ainda carrega esse “chip biológico”. Ele não sabe que o sofá custou R$ 2.000. Para ele, é só uma superfície vertical perfeita para cumprir suas necessidades instintivas.
Dica prática: Em vez de brigar com o instinto, trabalhe com ele. Ofereça alternativas que atendam às mesmas necessidades — e seu gato vai adorar.
2. Comunicação silenciosa: o que seu gato está “dizendo” ao arranhar

Você sabia que, para os gatos, arranhar é uma forma de linguagem?
Diferente de nós, humanos, que usamos palavras, os felinos se comunicam por meio de sinais visuais, olfativos e comportamentais. E arranhar é um dos principais “canais” de comunicação deles — tanto com outros gatos quanto com você.
Quando seu gato arranha perto da porta da frente, por exemplo, pode estar dizendo:
“Estou aqui. Este é meu território. Fiquem avisados.”
Quando arranha perto do seu computador ou da sua cama, pode estar dizendo:
“Você é importante pra mim. Quero deixar meu cheiro perto de você.”
E quando arranha depois de ver outro gato pela janela?
“Estou nervoso. Preciso liberar essa energia e marcar meu espaço.”
Arranhar é uma válvula de escape emocional. Pode indicar alegria, estresse, ansiedade, excitação ou até tédio. Ignorar esse comportamento é como ignorar alguém que está gritando — só que em silêncio.
História real: Dona Marta, de São Paulo, achava que seu gato Muffin “odiava” o sofá novo. Até perceber que ele só arranhava quando ela chegava do trabalho. Depois de colocar um arranhador ao lado da poltrona onde ela costumava sentar, Muffin passou a arranhar lá — e depois subir no colo dela. Era só carinho disfarçado de destruição!
3. Soluções que funcionam: como redirecionar o arranhão sem guerra
Ok, agora que entendemos o porquê, vamos ao como resolver. A boa notícia? Você não precisa escolher entre seu gato e seus móveis. Com paciência e estratégia, é possível ter os dois — e ainda fortalecer o vínculo com seu bichano.
Passo 1: Escolha o arranhador certo (não adianta qualquer um!)
Gatos são exigentes. Um arranhador genérico, baixo, instável ou com material que não agrada, será ignorado. Considere:
- Altura: Deve permitir que o gato se estique por inteiro. Ideal: pelo menos 60 cm de altura.
- Material: Sisal é o campeão. Papelão ondulado também agrada muitos. Evite carpete — confunde com o chão da casa.
- Estabilidade: Se balançar, o gato vai desconfiar. Deve ser firme e seguro.
- Localização: Coloque onde ele já arranha! Não adianta colocar no quarto se ele arranha na sala. Depois, aos poucos, você pode mover.
Passo 2: Torne o arranhador irresistível
- Espalhe catnip (erva-de-gato) no arranhador.
- Brinque perto dele com varinhas ou lasers — associe diversão ao local.
- Recompense com petiscos sempre que ele usar o arranhador.
Passo 3: Torne os móveis menos atraentes
- Use capas protetoras ou adesivos de silicone (não machucam, só dão sensação estranha nas patas).
- Spray de citronela ou cheiros que gatos detestam (existem versões pet-safe).
- Fita dupla-face: gatos odeiam a sensação pegajosa nas patas.
Passo 4: Jamais castigue
Bater, gritar ou esfregar o focinho no estrago não ensina nada — só gera medo e ansiedade. Gatos não associam punição ao ato passado. Eles só aprendem que você é perigoso.
Resultado: Um gato estressado arranha mais — e esconde o comportamento, piorando o problema.
4. Quando o arranhar vira sintoma: estresse, tédio e saúde emocional
Às vezes, o excesso de arranhamento não é só instinto — é um grito de socorro silencioso.
Gatos são mestres em esconder desconforto. Mas mudanças de comportamento — como arranhar compulsivamente, em locais incomuns ou com agressividade — podem indicar:
- Tédio ou subestimulação: Gatos precisam de enriquecimento ambiental. Sem brincadeiras, caixas, escaladas ou novidades, o estresse vira destruição.
- Ansiedade por mudança: Mudança de casa, chegada de um bebê, outro animal, viagens… tudo isso mexe com a segurança emocional do gato.
- Problemas de saúde: Dor nas articulações, unhas encravadas ou infecções podem levar o gato a lamber ou arranhar excessivamente certas áreas.
Sinal de alerta: Se seu gato passou a arranhar de forma obsessiva, em locais estranhos (como paredes lisas ou cantos escuros), ou se houver perda de pelos, feridas ou mudança de apetite — procure um veterinário comportamental.
Enriquecimento ambiental: o segredo para um gato feliz (e móveis intactos)
Invista em:
- Brinquedos interativos (caixas com furos, túneis, quebra-cabeças de ração).
- Áreas verticais (prateleiras, estantes, “arranha-céus”).
- Janelas com vista para o mundo exterior (colchonetes no peitoril, comedouros suspensos).
- Tempo de qualidade com você (10 minutos de brincadeira intensa por dia fazem milagres).
Um gato estimulado fisicamente e mentalmente é um gato mais calmo — e muito menos destrutivo.
5. Convivência harmoniosa: transforme o “problema” em conexão

Aqui vai uma mudança de perspectiva poderosa: arranhar não é um defeito — é uma oportunidade.
Quando você entende o que motiva seu gato, você para de vê-lo como um “culpado” e passa a vê-lo como um ser complexo, cheio de necessidades e emoções. E isso muda tudo.
Em vez de reclamar do sofá rasgado, você começa a observar:
“Será que ele está ansioso? Será que falta um arranhador maior? Será que ele quer brincar?”
Essa mudança de olhar fortalece o vínculo. Você deixa de ser o “dono que briga” e passa a ser o “companheiro que entende”.
História inspiradora: Do sofá destruído à sala de brincadeiras
Carlos, de Curitiba, estava à beira de dar seu gato Teco para adoção. O sofá, a cortina, o tapete… tudo estava destruído. Um dia, ele resolveu pesquisar. Montou uma “parede de arranhadores” na sala, com prateleiras, túneis e brinquedos pendurados. Comprou um tapete de sisal enorme e colocou no chão, onde Teco mais arranhava.
Resultado? Em 3 semanas, Teco parou de arranhar os móveis. E Carlos? Virou fã de decoração felina. Hoje, a sala dele parece uma academia para gatos — e os amigos adoram visitar.
“Percebi que não era o Teco que precisava mudar. Era eu. E no fim, ganhamos os dois.”
Conclusão: Entender é o primeiro passo para amar (e salvar o sofá)
Se tem uma coisa que este artigo mostrou, é que o comportamento do seu gato tem lógica — e propósito. Arranhar não é vandalismo. É linguagem. É instinto. É saúde. É emoção.
Você aprendeu que:
- Seu gato arranha porque precisa — física e emocionalmente.
- Ele está tentando se comunicar, não te desafiar.
- Com as ferramentas certas e um pouco de empatia, é possível redirecionar esse comportamento sem conflito.
- Um ambiente enriquecido e estimulante previne a destruição — e fortalece o vínculo entre vocês.
- Às vezes, o excesso de arranhamento é um pedido de ajuda — preste atenção aos sinais.
Então, da próxima vez que vir aquelas marquinhas no sofá, respire. Não grite. Não castigue. Observe. Pergunte-se: “O que ele está tentando me dizer?” E aja com carinho — e inteligência.
Seu gato não é um problema. Ele é um companheiro cheio de personalidade, que merece ser compreendido. E você? Você tem tudo o que precisa para ser o tutor que ele merece.
Pronto para transformar a convivência com seu gato?
Comece hoje: escolha um arranhador novo, coloque onde ele mais arranha, e observe a mágica acontecer.
E se quiser compartilhar sua história ou tirar dúvidas — comente aqui embaixo! Adoramos saber como está sendo sua jornada felina.
Porque no fim, não se trata de salvar o sofá.
Trata-se de entender — e amar — seu gato do jeito que ele é.

Carlos Oliveira é um verdadeiro entusiasta por animais de estimação, apaixonado desde cedo pela convivência com cães, gatos e outros bichinhos que transformam lares em lugares mais alegres. Com sua experiência prática no cuidado e na convivência diária com pets, ele busca sempre aprender e compartilhar dicas que ajudam a garantir saúde, bem-estar e qualidade de vida para os animais, acreditando que cada pet merece amor, respeito e atenção.